sexta-feira, 27 de maio de 2011

Majólica

Este post surge na sequência de um comentário que fiz no Porcelana Brasil do Fábio Carvalho, a propósito das majólicas, que ele tem vindo a mostrar naquele seu blog.

Disse-lhe o quanto fui apaixonada ( o termo é mesmo este) por estas peças, e que, nessa altura, não comprei nenhuma pois eram  caríssimas.
Há bem pouco tempo e já com a  paixão pelas majólicas esmorecida, vi a que mostro a seguir.


Estava tão barata (10€), que a comprei de imediato, até porque a achei muito bonita e um bocado diferente do habitual.
Mas, porque a vida é irónica, ou são os azares normais,  ou quem sabe, será sina minha em não ter majólicas,
quando saía do carro deixei cair o saco e claro partiu-se a minha bela peça. Como diz a canção popular, "juntei-lhe os caquinhos todos" e guardei tudo, algo desiludida.
No dia seguinte, comentei o facto com uma colega de trabalho, amante também de velharias, e muito habilidosa que se ofereceu, para colar a minha bandeja.
Ficará assim, colada por uma amiga, até eu arranjar tempo e disposição para pagar  um restauro autêntico.

Na parte de trás, encontram-se dois números. O primeiro, gravado na pasta  parece-me uma data, provavelmente a de fabrico.

  Este outro, pintado, deverá ser uma referência a qualquer coisa, que não faço a mais pequena ideia.
A palavra alemã, talvez corresponda ao nome da fábrica.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Dança

Embora Álvaro de Campos, pela pena de Fernando Pessoa afirme que só quem  nunca escreveu cartas de amor é que  é ridículo, nem pretendendo ser este post  uma  carta de amor, acho que  escrever sobre o que se gosta, por vezes, pode tornar- nos ridículos. Por isso mesmo, em vez de escrever sobre o gosto que tenho pela dança enquanto espectáculo, e o quanto gosto de dançar, prefiro, para o fazer, apoiar-me numa alegoria musical, com  duas músicas fantásticas, de dois autores e intérpretes que oiço desde há muito, muito tempo, e que foram estando presentes neste passar de vida.


Jacques Brel ! Não sei como o descobri, mas terá sido certamente com o célebre Ne me quitte pas. Quem da minha geração, não formou o seu gosto musical com a música francesa? A cultura francesa predominava. O francês era a primeira língua estrangeira que se aprendia, a moda e o cinema impunham-se ao público, as adolescentes imitavam a franja da Françoise Hardy e cantarolavam em surdina o Je t'aime... mois, n'on  plus. Eles, creio que se esforçavam, por parecer o Alain Delon, ou Johnny Hollyday e sonhavam pilotar um Ferrari ou Porsche nas 24 horas de Les Mans :)

Em baixo, "Valsinha" de Chico Buarque, cantor que conheço desde que ouvi a Banda passar, há já umas longínquas décadas :)




quarta-feira, 11 de maio de 2011

África, representada num busto

Este busto foi-me oferecido pelo meu pai e é o que resta de uma colecção que representava os quatro continentes.

Pertenceu ao meu bisavô paterno,  e,  ao longo das várias gerações, a colecção foi-se dispersando, não fazendo o meu pai, a mais pequena ideia, sobre qual o caminho que terão tomado as restantes estatuetas.

Aqui está o meu bisavô. Recortei esta imagem, de uma fotografia, onde ele aparece rodeado da mulher, filhos, genro e sete netos e... o cão, o Mico :)  Optei por não colocar a foto na integra, pois acho que estaria descontextualizada, mas é tão interessante enquanto registo de uma época, que pondero mostrá-la, mais dia menos dia.


 O mais curioso de tudo isto é a tremenda coincidência de, aos dias de hoje, e às minhas mãos, ter chegado a estatueta que representa África, precisamente o continente onde  nasci, e cresci. Saí de lá a escassos meses de fazer os 21 anos.

Voltemos ao busto.
Acho-o uma peça muito bonita e sem dúvida,  que o conjunto dos quatro bustos terão formado uma  bela colecção.
 Que região de África, terá inspirado o autor, para a representação desta peça?
Os adornos, a roupa, os traços fisionómicos, a maneira como está arranjado o cabelo, dirão muito sobre isto e certamente, um estudioso da matéria, discorreria sobre o assunto, de tal forma, que eu o escutaria, qual criança ouvindo uma história.
A mim, a  peruca  parece-me  sugerir ser feita  de penas, e fez-me de imediato associá-la ao Egipto, mas a ausência da característica carregada maquilhagem em redor dos olhos, faz-me duvidar que assim seja.

Sobre a origem da peça nada sei. Não está marcada. No interior do pedestal, aparecem somente dois números, o 728, e , num tamanho mais pequeno o 10.


terça-feira, 3 de maio de 2011

Estatuetas em Braga

Continuando na senda das estatuetas e urnas no topo dos edifícios, descobri em Braga o naipe que mostro a seguir.
Pertencem a um palacete, que fica numa das principais avenidas Bracarenses, a avenida Central, e, creio que ainda serve de habitação.Ainda bem !!
Causa-me sempre algum pesar, ver casas de família passarem a espaços públicos, mesmo sabendo, ou melhor, calculando, a despesa que   não será necessária para a manutenção destas casas.

O conjunto das três estatuetas está ladeado por duas urnas, cujos gomos lhe dão um aspecto muito elegante.
Em baixo uma das urnas, fotografada,  com o zoom quase  no máximo.


Passemos então às estatuetas.
 Esta primeira, não oferece dúvidas, é Mercúrio, com todos os atributos que a arte lhe atribui, e com uma representação muito próxima desta que o Luís mostrou. Muito próxima, muito próxima não é,  pois este Mercúrio de Braga, está representado,com uma bela figura masculina :)


 Quanto às restantes não as consigo identificar.
Esta segunda estatueta,acompanhada das antenas de televisão :(, calca com o pé o que me parece ser uma cesta com frutos, e tem uma coroa na cabeça. Não sei se estes pormenores serão suficientes para a identificarem.

A terceira e última, tem uma coroa de louros na cabeça, e sabendo-se que este tipo de ornamento representa a vitória, talvez seja uma alegoria ao sucesso, ou à felicidade. A fieira de rosas, representada sugere-me também,  um tema ligado à harmonia do lar. Será ? :)

Estavam erradas as minha suposições acerca da identidade  desta divindade.Com a ajuda do Manel e Luís está identificada agora. Trata-se de uma representação de Flora, a deusa que preside a tudo o que floresce.


A imagem que se segue foi-me enviada gentilmente pelo Luís, que a descobriu num livro de Artur Sandão,e o fabrico está atribuído à Fábrica das Devezas em Gaia. As semelhanças, não deixam margem para dúvidas.

Mas neste dia em que me armei em turista na própria terra, descobri, noutra rua, uma outra estatueta muito interessante e que sem dúvida representa algum tipo de comércio ou industria que ali existiu. Prometo lá voltar, à rua D. Afonso Henriques,  (que tem umas casas antigas encantadoras) e fotografar o edifício, que desta vez a chuva não o permitiu.
Aqui está ela.