quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Bancos de jardim - Azulejos


Com frequência encontramos em Portugal, bancos de jardim e de parques públicos ou privados forrados a azulejos dos mais variados tipos e épocas. É o que acontece na Quinta da Fata, que fiquei a conhecer em setembro último, aquando de uma caminhada pela região demarcada do Dão, mais propriamente em Nelas. Foi nesta quinta de frondosos jardins e um vinhedo a perder de vista que fizemos a primeira pausa do dia, momento que eu aproveitei para explorar por minha conta, o espaço exterior da casa.

Atraíram a minha atenção os vários bancos forrados a azulejos, tendo eu ficado com a impressão, que terão pertencido inicialmente a antigos espaços da casa e reutilizados posteriormente na decoração destes bancos. Em relação a este primeiro, o meu “feeling” encontrou algum fundamento num artigo que li, onde o autor chama a atenção para a importância da manutenção in situ do património azulejar e muito particularmente, destes  azulejos de figura avulsa, muito utilizados, segundo o mesmo autor, na decoração de jardins.

Pelo encanto que encontro na ingenuidade de cada um destes azulejos, este post focará apenas este banco, pois, as fotografias a mostrar, já ultrapassam o número que eu considero ideal para manter o interesse dos visitantes e o equilíbrio estético do post, Os outros ficarão para uma próxima oportunidade.

Estes azulejos, os da Quinta da Fata, sem serem dos primórdios dos “azulejos de figura avulsa” em Portugal, parecem-me bastante antigos, quer pelos motivos decorativos, quer pelo tipo de pintura que apresentam.
Alguns estudiosos referem a policromia, a decoração dos cantos em “estrelinhas” e o uso da flor e do barco na decoração, como sendo caraterísticas da produção lisboeta dos meados do século XVII. Não estou de forma alguma atentar atribuir uma idade a estes azulejos, até porque, tenho dúvidas quanto ao que pretendem representar os motivos ornamentais destes cantos.
Serão “flor-de-lis”? Ou serão flores de quatro pétalas também designadas por “aranhiços” e que por simplificação do traço deram origem às já referidas estrelinhas?
Talvez por deformação profissional, estes motivos que por vezes remetem o nosso imaginário para um mundo de fantasia infantil  exercem sobre mim um certo fascínio. Tanto o  elefante que se vê na fotografia de cima, com corpo de porco e a tromba pintada lateralmente às duas presas, como o saltitante cavalinho são exemplos  bem significativos do cunho ingénuo destes trabalhos.

Guardei propositadamente estas duas fotografias  para o fim, pois, os motivos destes azulejos em tudo me fizeram lembrar  os casarios com as suas esvoaçantes bandeiras de "toque" oriental  no alto dos campanários,  tão  utilizados na decoração de pratos, travessas e terrinas e que têm sido alvo de vários 
posts em  blogs amigos  e que poderão destronar a hipótese  da origem lisboeta destes azulejos.