terça-feira, 10 de setembro de 2013

Azulejos - alguns sobreviventes

Crio hoje uma nova etiqueta no blog, com o intuito de mostrar o que vai restando dos azulejos que revestiam as antigas fachadas. Por vezes (muitas vezes infelizmente), encontram-se antigos prédios citadinos, que são restaurados unicamente ao nível do rés-do-chão, tendo-lhes sido retirado todos os antigos azulejos de revestimento e aplicado em sua substituição, grandes placas de granito ou mármore. Embora reconheça grande beleza a estes nobres materiais, não os gosto de ver neste tipo de intervenção. Mas, nem tudo é tão mau. Em alguns destes prédios, alguém se lembrou de deixar pequenas, pequeníssimas áreas, com o revestimento antigo. Uma sorte para quem gosta de ir descobrindo a beleza escondida das nossas cidades.

 Começo pelo Porto, a cidade que me acolheu em 1976 e que com quem eu mantive uma má relação durante algumas décadas.  Hoje estou rendida, mas não completamente:) . Falta-me o sotaque e torcer pelo FCP :)
O primeiro exemplar encontra-se na rua do Almada. É um azulejo em relevo, frequente aqui no norte e na última fotografia pode-se perceber o efeito tristonho  desta opção.


Estes últimos exemplares foram já fotografados na rua das Flores, ali mesmo em frente à estação de S. Bento e mostram, nem mais nem menos, os  nossos velhos conhecidos, azulejos "bicha-da-praça" dados a conhecer pelo Luís do Velharias
É notória a falta de cuidado na colocação dos azulejos, mas talvez seja preferível a terem desaparecido numa entulheira qualquer.
Nota - Desta etiqueta vão constar também, outro tipo de situações que não propriamente as "amostras" que vão sendo deixadas em antigas fachadas. Estou-me a lembrar por exemplo, de alguns azulejos que revestem muros e escadas dos jardins do museu dos Biscainhos.

6 comentários:

  1. Boa tarde!

    Também vivendo muito perto do Porto, nunca fui grande fã da invicta, é uma cidade muito degradada. Mas no Porto podem ser observadas azulejarias maravilhosas, gosto especialmente de destacar a fachada de um edifício na Rua José Falcão, de inspiração arábe, com uns belos azulejos.

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    1. Olá Bernardo Travessa, bem-vindo
      O Porto é uma cidade difícil de se gostar. Pessoalmente, quando a conheci há já muitos anos, chocou-me especialmente, o cinzento do granito e o clima. Hoje, a cidade já nada tem a ver com a daquela época, tem recantos encantadores e outros degradados como qualquer cidade. Conheço a casa que refere na rua José Falcão. Já a tentei fotografar algumas vezes, mas é difícil pois a rua é muito estreita e não consigo fotografias apresentáveis.Essa casa foi o antigo armazém mostruário da Fábrica de Cerâmicas das Devesas.

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  2. Maria Paula

    Bem, ser adepta de qualquer clube de futebol nunca é prova de grande gosto.

    Eu aprendi também a apreciar a Imbicta e hoje gosto imenso do centro daquela cidade. Recentemente estive no Porto com os meus filhos e levei-os a passear no Douro, numa daquelas pequenas viagens em que se admira a parte antiga do Porto e Gaia e o meu filho comentou espontaneamente, que o Porto é muito mais bonito que Lisboa.

    E sem dúvida que uma das belezas do Porto é o contraste entre a azulejaria colorida e o granito escuro. Em Lisboa, esse contraste não existe, porque se usa normalmente cantarias com uma pedra calcária branca ou um lioz também de cor clara. Também por aqui usa-se pouco azulejo em relevo e os que há foram fabricados no Norte ou nas Caldas.

    Julgo que será do maior interesse a Maria Paula ir fotografando com a sua arte a azulejaria entre Douro e Minho. Nós, os Lisboetas, vamos adorar.

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    1. Um não portuense tem dificuldade em gostar do Porto, à primeira vista. Isto digo eu, que conheci esta cidade quando ainda era muito jovem e numas circunstâncias muito especiais.Com o passar do tempo,a cidade foi sendo recuperada, modernizada e hoje, apesar de abominar a aridez da intervenção na Praça dos Aliados,reconheço a excelência doutros espaços.Mas mesmo assim, não concordo com o seu filho :) continuo a preferir a luz única de Lisboa, ao cinzento do granito.
      Pode contar com as minhas fotografias:)Gosto muito deste trabalho de partilha. Calcule que ainda ontem encontrei uns azulejos que me parecem iguais em tudo (ainda não confirmei)a uns que o Fábio designou como "coluna e fita".
      Beijos

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  3. A Maria Paula é muito observadora ... estes primeiros passar-me-iam completamente ao lado.
    Mas fotografados pelos seus olhos ficam muito bem, com cores fantásticas, escorridas e dotados daquele brilhozinho especial que costumo ver nos olhos das crianças, ainda não apagado pela idade e/ou as más experiências!
    Quanto aos segundos, do padrão da "bicha-da-praça", apesar de ter havido erro na colocação (ou quiçá não), acho muito curioso o inusitado da situação.
    Até nem me chocam, antes me fazem olhar mais e mais para eles, pois saem da tradicional forma de casamento. Estes casaram sem papel passado!
    Mas nem por isso o divórcio será mais simples!
    Por mim, e digo-o à semelhança do que refiro ao Fábio lá por terras de Vera Cruz, creio que o vosso trabalho é exemplar e inestimável.
    Um bem hajam aos dois e espero que não se cansem!
    Manel

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  4. Manel
    De facto,em relação aos azulejos da primeira foto,o efeito pretendido não resultou.O que lá ficou é uma amostra parda da antiga beleza que deve ter sido esta fachada, toda revestida com estes azulejos tão caraterísticos do Porto. Estão ali, tão comprimidos entre o robusto granito, que passam despercebidos.
    Quanto aos segundos,sou menos otimista de que o Manel:)Ali,o divórcio já aconteceu. Acho mesmo que foram ali colocados de forma apressada para acabar a obra.Estivesse o Manel ou o Luís por perto e o resultado seria outro, isso lhe garanto eu:)
    Com leitores destes, tão atentos, com certeza que continuarei a fotografar a grande variedade de azulejos que vou encontrando pelo norte. Para além disso, embora o meu contributo seja diminuto,gosto muito deste trabalho de partilha e descoberta.Um abraço
    Uma boa semana

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