quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Clube Sesimbrense - Azulejos de motivo geométrico

Com a máquina fotográfica avariada tenho agora uma boa oportunidade para mostrar algumas fotografias, que por um motivo ou por outro, foram ficando por publicar. Volto assim, aos azulejos de fachada, desta vez aos de um casarão em Sesimbra, que vim a descobrir ser a sede do Clube Sesimbrense ou Grémio, como também é conhecido. Este clube, que nasceu com o nome de Sociedade Philarmónica tem sido o centro da atividade cultural de Sesimbra desde 1853, data da sua fundação.
Fachada lateral
O edifício construído na década de oitenta do século XIX, num terreno de grande inclinação confina com um pequeno largo e a rua da República e tem a fachada principal e lateral revestida com este azulejo de motivo geométrico e de cores graciosamente combinadas. Gosto do efeito tipo construção infantil de cubos. Não sei se os azulejos serão da mesma época da construção da casa, mas na fotografia abaixo, parece  perceber-se uma pintura manual.

 Já não sei porque razão não fotografei a fachada principal. Imperdoável deixar escapar uma fachada destas,  tão bonita e romântica! Mas, acontece. Valha-nos a net para podermos colmatar estas falhas.
Fachada principal.  Foto retirada daqui
Segundo o SIPA ( Sistema de Informação  para o Património arquitetónico) as figuras femininas que encimam a balaustrada são uma alusão às estações do ano ou às musas. Todo  o trabalho de revestimento está delimitado com uma barra também ela de azulejo,  mas desta vez, decorada com linhas curvas, onde se usou só a cor azul. 
Pormenor da barra
A última fotografia que mostro é a de uma janela da fachada principal do edifício, onde se pode observar mais em pormenor o efeito visual da utilização destes azulejos numa área tão grande de revestimento.

6 comentários:

  1. É tão interessante Maria Paula como este padrão tem várias leituras. De perto nota-se a tridimensionalidade aparente da forma, e ainda que a cor jogue um papel fundamental na definição da forma, esta é mais importante, a média distância a forma começa a diluir-se, e é o equilíbrio de cores que joga, isto é, é a cor que sobressai, e, finalmente, de longe, não é mais que uma textura informe e sem cor definida, tal como acontece com todos os azulejos. É este jogar com a forma e com a cor que o torna tão "camaleónico" e plástico, para lá do aspeto prático e higiénico que o seu uso implica.
    Há um padrão pelo qual tenho uma grande paixão, e tenho muita pena de não possuir nenhum azulejo desses, e onde se joga igualmente com a tridimensionalidade do desenho: o padrão "ponta de diamante", e há outro que se obtém deste, que, creio, ainda é mais belo, o de "ponta de diamante, cortada". Creio ser esta a denominação, de qualquer forma, indo pelo google e pelo termo "azulejo ponta de diamante" chegará a este padrão sem problema algum.

    Uma boa semana de trabalho

    Manel

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    1. Gostei muito da maneira como discorreu sobre estes azulejos, conseguindo-me tirar as palavras da boca (as que eu não soube dizer) :) São realmente várias, as leituras deste padrão, variando o seu efeito, consoante o ponto de observação. Segui a sua sugestão e fui espreitar os azulejos “ponta de diamante”, de que já tinha ouvido falar, mas nunca tinha olhado com a devida atenção. Muito bela a ilusão de ótica conseguida só com recurso à pintura. Durante a minha pesquisa descobri uma fotografia da capela de S. Roque aí em Lisboa, onde foi usado este tipo de azulejo. Maravilhoso o feito produzido!
      Uma boa semana de trabalho, que já vai a meio e um bom fim de semana, que parece vir a ser soalheiro.

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  2. Só agora aqui vim. Tenho tido uma vida complicada. Parece que a minha volta tudo se estraga. O colchão ficou com uma mola partida, a máquina de lavar roupa colapsou, tive um entupimento de canos, uma infiltração em casa, perdi um dente e caixa de velocidades do carro também se estragou. Tudo isto com um corte no salário brutal, da autoria deste governo infame.

    Os azulejos do século XIX tem a característica, que vistos individualmente no chão de uma feira de velharias não valem na nada, mas em conjunto num edifício produzem um efeito na arquitectura, que a transforma em qualquer coisa de vibrante e cheia de efeitos ópticos, como muito bem o Manel descreveu.

    bjos

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  3. Caro Luís
    Peço desculpa pelas desoras da resposta, mas a verdade é que a vida também se complicou por aqui, embora, por boas razões. Recebi a visita de um prima direita vinda do Brasil e que eu não conhecia:) Foi muito interessante conhecer um familiar tão próximo e que até há bem pouco tempo era só um nome vago,que aparecia nas histórias da família. Quantas afinidades não viemos a descobrir e que só a genética poderá explicar. Entretanto fui fazendo de guia turística e creio que não me saí nada mal:)
    Espero que tenha solucionado todos esses contratempos, o mais grave, sem dúvida, o do dente! Qualquer ida ao dentista traduz-se numa despesona. Bem, as despesas do mecânico também são de levar as mão à cabeça.

    Gosto muito destes azulejos de padrão geométrico e a sua repetição contínua, cria, sem dúvida, um grande impacto visual. Aqui pelo Minho, veem-se bastantes destes padrões geométrico, mas já de uma época muito mais recente.
    Bjs

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  4. Sobre os azulejos que revestem a fachada do Grémio, escrevi no jornal O Sesimbrense na edição de Março, um pequeno texto que descreve sucintamente a sua decoração parietal. É uma pequena contribuição para homenagear os mais de cem anos de existência da colectividade.

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  5. Muito obrigada caro anónimo. Só agora vi o seu comentário. Irei pesquisar a edição do Sesimbrense que refere.

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