quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Um post em tons de rosa

A  pouco menos de uma semana para acabar este mês de outubro, associo-me ao"Arte, livros e velharias" e outros blogs, para marcar presença no Mês Internacional da Prevenção do Cancro da Mama, tema que diz respeito a homens e mulheres porque a todos nos atinge, física ou emocionalmente. 

Para este post juntei algumas chávenas de faiança inglesa decoradas com  lustrina cor-de-rosa.Todas elas apresentam uma decoração muito delicada, muito ao gosto da época e pegas com o formato London Shape. A servir-lhes de cenário, um bocado de talha dourada de que gosto bastante e  que ajudou a enquadrar as fotografia realçando a beleza e elegância destas peças.

A chávena que se segue é a única que apresenta marca e número de padrão. Para complicar a sua identificação, a marca é representada por uma minúscula âncora, símbolo muito utilizado por várias fábricas em diferentes épocas. Parece-me que aquele pequeno arco que forma a  parte inferior da âncora  poderá ter sido feito com as letras correspondentes ao nome da fábrica.


A última, mas não menos bonita, é uma pequena chávena sem pires, profusamente decorada no interior em contraste com a sóbria decoração do exterior. 

O chá ainda não está pronto:) mas convido-vos a irem provando a minha geleia de marmelo feita na véspera. O postal lá de trás enviou-mo a minha filha no dia dos meus anos. É tão ternurento que não resisti incluí-lo neste  post em Tons de Rosa.
 

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Zé Povinho

Não tenho por hábito associar os meus posts a datas comemorativas, mas neste mês da implantação da República Portuguesa, seria tolice não mostrar esta travessa que comprei há já largos meses e que tem estado mais ou menos abandonada à espera desta data. Pois bem. Sei que todos já reconheceram o nosso Zé Povinho, criado em 1875 por Rafael Bordalo Pinheiro, para o jornal humorístico de crítica social e política  "A Lanterna Mágica". A partir do último quartel do século XIX populariza-se como objeto de cerâmica; é nesta altura, que o  manguito, gesto a que associamos sempre a esta figura, aparece. Quase trinta anos após a sua criação! 

Aqui, o Zé aparece numa associação muito curiosa a um dos símbolos da república, usando o barrete frígio e com uma expressão facial rude que deixa adivinhar um sentimento de fúria ou contestação. A representação do Zé Povinho nesta travessa foi, muito provavelmente, baseada em alguma imagem de um panfleto ou jornal. Corresponderia esta caricatura, ao período em que já se verificava algum desencanto com o novo sistema político? 

 Quanto a datas de fabrico e origem e atendendo às semelhanças entre os dois Zés, posso considerar as atribuídas a este prato, ou seja: Poderá ser de Aveiro ou Coimbra e a datação será  do 1º quartel do século XX.
Imagem retirada do livro "A cerâmica Portuguesa da monarquia à república". Coleção particular.
Resta-me acrescentar que acho este prato magnífico, pela ironia subtil que emana da decoração da aba, com nabos cuidadosamente dispostos como se de flores se tratassem.

Fontes - A cerâmica portuguesa de monarquia à república (Edição do Museu Nacional do Azulejo) 2011;
              O gesto do Zé Povinho: da figa ao manguito - João Medina 


Sei que não estou as seguir as normas para apresentação  bibliográfica, coisa complexa para quem não lida amiudadas vezes com este assunto, mas como meu blog está longe de ser um trabalho académico ou científico, posso aligeirar :)